quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O futuro - que furo!

O FUTURO - QUE FURO!
*Emiele*

Não tenho varinha de condão nem sou vidente para prever o
futuro.Falo então do futuro de modo singular, pois quase o vi
chegar ribanceira abaixo dentro de um carro...
E lá morreriam comigo todos os sonhos que com carinho
alimentei.

Faz pouco tempo...Parece que foi ontem...
Eu o via por detrás duma colina e de um mar encantado, onde
eu teria muito tempo para chegar lá...O lugar era Lisboa...
Ali estava meu sonhado futuro...Ah, quanto amor sonhado...
Hoje, sei que não somos donos do tempo nem podemos controlar
nossos desejos.
Posso chegar onde imaginei ou jamais chegar lá.
Passei então a buscar um jeito mais prático de pensar e agir .
Vivo o instante presente.Aquele que a gente toca no peito e
sente seu pulsar...É dele que posso falar, criticar, persuadir ou calar.
Um futuro no presente, para onde eu caminho convicta e imagino
que posso ir.É este instante em que palavras fervilham em minha mente.
São estas poucas linhas acabo de escrever.Quinze minutos já se foram...
Puxa, o futuro voou...Meu tempo evaporou!

O futuro pode ter asas em nossa imaginação, como pode também
estar preso num emaranhado...E de lá não arredar o pé.Mas nem
por isto o tempo parou.O dia deixou de amanhecer.
O futuro não chegou.

O futuro mede-se pelo tempo daquilo que não podemos prever.
Por causa dele, planejamos, alicerçamos, poupamos, e sonhamos.
E assim, vamos vivendo ciclos e mais ciclos.Acaba um, que alívio!
Sobrevivemos. Mas logo vem outro.

O futuro é um sei lá de quê engraçado...Mora num lugar estranho,
distanciado, desconhecido...E de repente está aqui do meu lado.
Dorme comigo...Amamos juntos...Adoecemos juntos e juntos morremos.
Acho que ele deveria chamar desejo.
Sim.Futuro é igual a desejo...
Sempre queremos alcançá-lo.Tocá-lo.Conhecê-lo.E desfrutarmos.
Mas ele sempre nos escapa!Escorrega no tempo...
E quando olhamos para trás, ele já se foi.
Raramente o alcançamos em sua plenitude, pois se pensamos no
amanhã, não temos certeza se virá.
Quem não deseja nada não tem futuro nem vive.Vegeta.
Vivo então no presente.Amo no presente.Escrevo no presente.
Sinto no presente.Sonho no presente.E planejo a curto prazo.
Fico no tempo presente com tudo que vivo.Os filhos que tenho.
As emoções que sinto.As pessoas que amo.Os poemas e textos
que escrevo.

E o futuro?
Ah, não soube...?!
Está ali, esticadinho com ela no caixão...
Pobre coitada! O futuro pregou-he uma peça!
Pobre dela! Adoeceu... Morreu.Nem o conheceu.Que furo!
E para tranqüilidade dos filhos, deixou-lhes um Seguro.
Um futuro seguro.Seguro de sonhos e mais nada!


Belo Horizonte - 23/01/2005 - 10:30 horas.
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Publicação autorizada na Ciranda Futuro.
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