quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Sonhos Maduros

Sonhos Maduros
*Emiele*

Eu tinha 50 anos...
Achava que tinha muitos anos pela frente...
Que ao me aposentar poderia fazer tantas coisas que adiei.
Que o homem que eu amava à milhas de distância
um dia qualquer iria ao seu encontro...
E que se demorasse chegar este dia
não tinha importância...
O certo é que eu iria ao seu encontro.
Hoje sei que meus 50 anos se foram voando...
E que eu não tinha controle sobre o tempo que corre mais veloz nesta idade...
Vejo-me envelhecida e com pouca vaidade...
Foge de mim a força e o desejo que impulsionava fazer tudo que gostava...
Até minhas mãos não conseguem mais escrever
para falar destes anos que correm...
E passei a temer.
E todo amor que eu sentia
pelo homem que tão distante de mim vivia
estacionou na linha do horizonte....
E quando vejo o por-de-sol brilhar esmaecido...
Ainda sonho estar junto do homem que amei e diz sempre amar.
Para juntos lembrarmos dos anos de sonhos maduros
que não se perderam totalmente...
Deixaram bons frutos: Respeito, amor e amizade.
E uma boa semente que aguarda o momento
para começar a germinar...


Belo Horizonte - 28/11/2009 - 21:46 horas.

Sonho de um envelhecer

Sonho de um envelhecer
*Emiele*

Ah, estes cabelos brancos
que na juventude, enamorada,
deitado no meu colo, eu alisava. . .
E enquanto os dedos iam e vinham
fazendo carícias, pensava
que um dia brancos ficariam
e junto a ti , ficar também velhinha
era tudo que eu mais queria.
E hoje, não te vejo grisalho ficar. . .
Meu querido, onde estás?
Em que estrada andas a trafegar?
Perdestes o caminho de volta?
Deixaste-me quase enlouquecida!
E hoje segues também sozinho pela vida.

...Mudanças bruscas ocorreram
no teu jeito sentir e ser,
e eu que fui um dia a amada tua,
com a emoção fragilizada
vivo fases como a lua...
Nutro ainda grande amor por ti...
Por ti que deixou há muito de existir!
E o sonho de juntos envelhecermos,
andar de mãos dadas pela rua
ficou amordaçado no passado...
Quantas marcas tatuadas pela dor...
Meu olhar tornou-se mais triste
mas meu jeito de sentir
e de gostar, ainda persiste,
pois desconheço o desamor.
Quero amar e ser amada!
Busco outro bem-querer
para feliz e enamorada,
ver chegar outras primaveras
e voltar a sonhar...
Meu sonho de envelhecer!

Belo Horizonte, 26/01/2004 -0:54hs.
*Direitos Autorais Reservados.

Dedicado a meu marido, 53 anos, cuja doença mental provocou
um corte em nossas vidas amorosas, plenamente compartilhadas.
Continuamos casados.Amo-o como ser humano e pai de meus 4 filhos.
Tenho de continuar a lutar. Amar. E sozinha sobreviver.

Sonho que se sonha só, é apenas sonho que se sonha só.
Sonho que se sonha junto, é Realidade! Raul Seixas.

Sentir o momento

Sentir o momento
*Emiele*

Sob o infinito céu eu queria estar... A voar...
Nas asas dum avião ou da imaginação
E na leveza da alma...
Na pureza e calma... Levitar...
O peso dos desejos me entrava...
Os sentidos me sufocam... E atam...
Assim prisioneira da dor
deste infinito buscar
sigo sem teu amor ou não sigo...
Estaciono no espaço sem laços
que agora trilho...
Espaço sem luz e brilho...
Acho-me no que não quero nem necessito mais...
Não tenho o que preciso - Carinho... amor... e calor...
Quero você a meu lado para saciar esta sede de amar...
De amar... De amar... E calar...
Este desejo num beijo de amor.


Belo Horizonte, 06/07/2009 - 18:00 horas.

Sem medo de envelhecer!

Sem medo de envelhecer!
*Emiele*

Sabe?Aquela rosa que me destes um dia como lembrança do seu carinho por mim, ainda guardava na memória, seu perfume, cor, e o beijo prolongado que me destes ao me entregá-la, meu amor! Reparei-a hoje em meus guardados: Pálida, disforme e desidratada.
Queria voltar a vê-la como naquele dia...Mas a memória não é capaz de retratá-la bela e irretocável como foi guardada.Que pesar!Os anos passaram... Meus olhos anuviaram... Ela baila na minha retina como indefinido vulto, mas sei que representava nosso terno amor oculto...

É tão efêmera a vida das coisas e pessoas.Parece que foi ontem.Tudo passa tão depressa!Voa!Envelhecemos corpo e mente, de repente. Porém nossa emoção é a última a dar sinais... Buscamos com insistência lembranças de tudo que alegrou nosso viver no emaranhado de um passsado, feito de tantos ais...E ainda emocionados nos iludimos capazes de reviver o que foi nosso desejo e querer.Mas que triste sorte! Envelhecemos nas feições...Rosto e corpo marcado, enrugados...Lá se vai definhando nosso elegante porte!
Em nossos olhos há cegueira progressiva. Em nosso olfato há insensibilidade. Nossos ouvidos perdem a audição.Em nosso cérebro a memória falha. Envelhecemos e de quase tudo esquecemos. Mas de todo não envelhecemos Nosso coração ainda palpita. Sente solidão, saudade. Excita... E acelerado pulsa se tocado pela vaidade... Queremos ainda elogios e atenção. Resta a fortaleza da emoção que a cada dia mais forte vai ficando e, por vezes, por ela vencidos, somos derrubados...
Ficamos deprimidos e angoniados com os fantasmas que rodeiam nossos dias, roubando os sonhos e fantasias.
Penso que devíamos ao envelhecer antes de mais nada perder a memória da emoção. Esquecer antigas histórias e começarmos a gravar vivências atuais. Com certeza, seremos mais felizes sem esta conexão e paixão.
Deve ser bom conectar-se na velhice pra valer!
É uma tolice ficar remoendo o passado e dizer:Ah, um dia eu fui...Eu tive...Eu vi...Aconteceu assim...
Ora, continuar lá atrás no tempo nos leva a colher coisas ao vento e não assumir o que já somos. Que temos. Que vamos. Que vemos. Que é assim.
Não assumir a velhice é uma sandice. E viver sem sonhos e esperanças, a velhice-velha de verdade alcança e chega-se logo ao fim da trajetória.

Temos de aceitar que é assim.Aceitar o envelhecer é dar trégua para que o que há de vida em nós devagar vá se apagando...E neste lento envelhecimento, devemos reciclar o que está morrendo.Fazer nascer um velho-novo.Trazer no peito e coração frágeis conexões com o passado, e na velhice ficar bem plugado! Seremos deste jeito, apenas um idoso.Alguém que já vai indo...vai indo...a cada amanhecer...E envelheceremos pra velhice rindo,
encarando alegremente o que tem de ser.O que é. E que será. Um feliz e ajustado envelhecer!

Penso que o idoso se agarra ao seu passado porque com o presente não pode se alegrar. E atormentado por dores e temores, voltar no tempo o ilude e faz acreditar que a vida corre mais devagar. Bom, há quem viva se iludindo até morrer
e faz disto sua opção de bem viver.


Belo Horizonte - 30 de julho de 2004 - 004 horas.
Direitos autorais preservado pela ética que deve permear todo meio de divulgação e publicação.
Dedicado a todo idoso de espírito jovial.
Quando alguém amigo aniversaria, sempre cumprimento assim:
Que mantenha no corpo a saúde, e no espirito, a alegria da eterna juventude!

* * * * *

Hoje, data supra, meu muso português viajou em excursão pra Alemanha.
Em 25/08, meu irmão Hélio sofreu aneurisma abdominal e foi operado.
Estava em coma induzido. Dia 02, faleceu.
Em 04/09 meu pc pifou... A placa-mãe queimou.

Putzz...Hoje já é dia 27 de setembro, Dia do Idoso!
O tempo voou... Olha eu plugada no passado!
Ah, mas se pouca coisa tem mudado em mim, penso que ainda não envelheci
e não tenho de seguir minha receita de bem-viver acima.Mas tô indo...Tô indo..
.Não quero caminhar para uma velhice-velha.Vou me reciclar!
Quero ser apenas idosa ajustada e feliz.
Que Deus me ouça e os anjos digam em coro: Amém!!
Pense nisto você também.

O futuro no presente

O FUTURO NO PRESENTE
*Emiele*

O futuro que agora vejo, salta a meus olhos num lampejo!
Tem um céu de nuvens espessas, esparsas, escuras,
sem estrelas nem luares.Tem rios de águas barrentas,
poluídas e estéreis.

Há um crescimento urbano desordenado, composto de cidades
mal planejadas, cheias de pessoas aglomeradas, amontoadas!
E a criminalidade de um modo geral, não penalizada e banalizada.

O futuro que hoje vejo é assim, sem eira nem beira.
Descaracterizado, fragmentado, dissocializado, e globalizado.
Um futuro triste, horrendo...Em sua conjuntura natural e humana

Por outro lado, não quero sonhar com utopias de um paraíso para todos.
Mas vejo surgir políticas e estratégias que incentivem o bem-estar
do homem no campo e cidades.Pois de que adianta tamanho avanço
da tecnologia se não trouxer benfeitorias para a Humanidade?

Há de ser um futuro de mobilização pública organizada entre
os países solidários na luta pela diminuição das discrepâncias sociais
entre pobres e ricos, no planeta.

Há de haver recursos humanos disposto a trabalhar com altruísmo
por uma causa justa e humanitária.E que os recursos materiais
sejam suficientes para subsidiar comida em abundância,
tirando nossos irmãos da inanição.

Há de haver mais políticos conscientes do seu verdadeiro papel
a desempenhar na sociedade.E também, de pessoas menos individualistas
e mais engajadas e compromissadas com o bem-estar social.

Que a agricultura familiar produza o sustento do homem do campo
que luta pela sobrevivência, e o mantenha preso 'a terra,
por amor a seu quinhão.E que a força do seu trabalho
seja valorizada e lhe ofereça condições de sobrevivência dígna.

O futuro do mundo que hoje vejo, será habitado por crianças
e recém-nascidos nutridos e sadios.As doenças infanto-juvenis
causadoras de mortalidade, serão erradicadas.
Será um mundo habitado por indivíduos fisicamente sadios
e psiquicamente menos insanos...

Que as políticas públicas de Saúde, Educação, Habitação
e Sanitária, estejam ao alcance de todo cidadão.

Que o idoso seja respeitado e abrigado com dignidade
quando não dispuser de recursos próprios.

Ah, o mundo que hoje vejo é ainda bem fragmentado
e distanciado entre o que desejo e o que será.E o pior,
pouca coisa mudará no meu tempo de ver...Mas tenho esperança
de que meus filhos e netos chegarão a desfrutar deste mundo mágico,
para o qual trabalhei na sua construção.
E no qual gostaria de juntos com eles, brincar e viver!


Belo Horizonte - 22/01/2005 - 17:00 horas.
Direitos Autorais Reservados.
Publicação autorizada na Ciranda Futuro.
emielehorta@terra.com.br

O futuro - que furo!

O FUTURO - QUE FURO!
*Emiele*

Não tenho varinha de condão nem sou vidente para prever o
futuro.Falo então do futuro de modo singular, pois quase o vi
chegar ribanceira abaixo dentro de um carro...
E lá morreriam comigo todos os sonhos que com carinho
alimentei.

Faz pouco tempo...Parece que foi ontem...
Eu o via por detrás duma colina e de um mar encantado, onde
eu teria muito tempo para chegar lá...O lugar era Lisboa...
Ali estava meu sonhado futuro...Ah, quanto amor sonhado...
Hoje, sei que não somos donos do tempo nem podemos controlar
nossos desejos.
Posso chegar onde imaginei ou jamais chegar lá.
Passei então a buscar um jeito mais prático de pensar e agir .
Vivo o instante presente.Aquele que a gente toca no peito e
sente seu pulsar...É dele que posso falar, criticar, persuadir ou calar.
Um futuro no presente, para onde eu caminho convicta e imagino
que posso ir.É este instante em que palavras fervilham em minha mente.
São estas poucas linhas acabo de escrever.Quinze minutos já se foram...
Puxa, o futuro voou...Meu tempo evaporou!

O futuro pode ter asas em nossa imaginação, como pode também
estar preso num emaranhado...E de lá não arredar o pé.Mas nem
por isto o tempo parou.O dia deixou de amanhecer.
O futuro não chegou.

O futuro mede-se pelo tempo daquilo que não podemos prever.
Por causa dele, planejamos, alicerçamos, poupamos, e sonhamos.
E assim, vamos vivendo ciclos e mais ciclos.Acaba um, que alívio!
Sobrevivemos. Mas logo vem outro.

O futuro é um sei lá de quê engraçado...Mora num lugar estranho,
distanciado, desconhecido...E de repente está aqui do meu lado.
Dorme comigo...Amamos juntos...Adoecemos juntos e juntos morremos.
Acho que ele deveria chamar desejo.
Sim.Futuro é igual a desejo...
Sempre queremos alcançá-lo.Tocá-lo.Conhecê-lo.E desfrutarmos.
Mas ele sempre nos escapa!Escorrega no tempo...
E quando olhamos para trás, ele já se foi.
Raramente o alcançamos em sua plenitude, pois se pensamos no
amanhã, não temos certeza se virá.
Quem não deseja nada não tem futuro nem vive.Vegeta.
Vivo então no presente.Amo no presente.Escrevo no presente.
Sinto no presente.Sonho no presente.E planejo a curto prazo.
Fico no tempo presente com tudo que vivo.Os filhos que tenho.
As emoções que sinto.As pessoas que amo.Os poemas e textos
que escrevo.

E o futuro?
Ah, não soube...?!
Está ali, esticadinho com ela no caixão...
Pobre coitada! O futuro pregou-he uma peça!
Pobre dela! Adoeceu... Morreu.Nem o conheceu.Que furo!
E para tranqüilidade dos filhos, deixou-lhes um Seguro.
Um futuro seguro.Seguro de sonhos e mais nada!


Belo Horizonte - 23/01/2005 - 10:30 horas.
Direitos Autorais Reservados.
Publicação autorizada na Ciranda Futuro.
emielehorta@terra.com.br

O sabor de cada idade

O SABOR DE CADA IDADE
*Emiele*

Penso que a velhice de tão velha morre. É o amadurecimento e a sabedoria
que dão melhor sabor a cada idade. Colhamos, portanto, a beleza do fruto
de cada estação do nosso tempo, e saibamos saborear com gosto!

Vamos dar todo dia uma volta pelo nosso pomar para vermos o que nele está
a brotar? Se for erva daninha só há uma solução: arrancar!
Tenha persistência e determinação para seu solo diariamente adubar
e com certeza sua colheita será abundante, e os frutos, exuberantes!


Belo Horizonte, Tuesday, September 19, 2006 9:13 PM

Pedindo longevidade

Pedindo longevidade
*Emiele*

Senhor, Deus do Universo e Criador de todas as coisas...
Dá-me sabedoria e compreensão para entender
que tenho apenas cada dia para viver.
Dá-me discernimento e intuição para escolher
o que há de melhor e necessário,
neste mundo cheio de tentações de consumo,
para preservar a Vida que me destes.
Dai-me comedimento.
Que eu não exceda no prazer momentâneo...
Que saiba dosar de tudo um pouco
e nisto encontrar alegria e prazer.
Reconhecendo seres dono de cada instante de nossa Vida,
e que nem dona sou deste instante em que te falo,
peço-te que prolongue a minha Vida
para que eu tenha tempo de aparar minhas arestas,
polir o diamante que colocastes em minhas mãos,
e enquanto isto, que eu busque a cada dia
meu aperfeiçoamento espiritual.
Se me faltar a saúde, prepare-me com paz e humildade
para aceitar teus desígnios e, conduza-me,
abrindo todos os caminhos para obter o médico e remédio certo para a cura.
Oh, Senhor, dá-me como prêmio a longevidade pois poucos são os escolhidos...
Sei que não é muito pedir pois és dono do Tempo e da Vida.
E o que são Tempo e Vida para Ti senão um piscar de olhos e um pulsar do coração?
Dá-me então milhares de piscar de olhos e pulsar de coração.
Reconheço Tua grandiosa misericórdia para comigo até o presente instante
e sou grata por tudo!
Que eu continue merecendo Tua proteção até o fim de meus dias. Amém!


Belo Horizonte, 14 de novembro de 2003 - 6:15 horas.
Acabo de acordar....Sentada na cama converso com Deus assim...

Divulgue preservando a autoria. Pedir isto não é muito. É apenas querer o devido respeito por meus sentimentos. Este fundo foi criado por meu filho para o poema ''COMPREENDENDO A VIDA'', da home page www.emiele.hpg.com.br que foi tirada do ar pelo HPG.

Não abandone o velho

Não abandone o velho
*Emiele*

A flor murcha, sem cor e vida,
que outrora nossos olhos enfeitiçou,
enfeita hoje qualquer canto d'alma
que num passado desbotado, estacionou.
Não abandone o que velho já ficou
pois o que um dia teve vida em flor,
de lembranças vive como novo,
mesmo que seja uma irreparável dor.
Pedaços que escrevemos duma história,
mesmo sem brilho aos olhos do demais,
tal como as notas duma bela sinfonia,
compõem a música de nossa trajetória
numa orquestra harmoniosa e sem rivais.
Não abandone o que velho já ficou
ainda que seja uma irreparável dor...
Deixe num canto e lhe dê guarida,
pois são troféus de lutas já vencidas
onde o rival foi o desamor.

Belo Horizonte, 05/09/2008 - 16:06 horas.
Seria bom fechar o espetáculo com uma Oração...
Que tal esta?

Apenas mais um dia!

Apenas mais um dia!
*Emiele*

A claridade rasga uma fenda na cortina
Rompe meu sono
E bate forte em meu rosto gritando:
Acorda menina!
É mais um novo dia!
De um novo ano.
Dum velho despertar.
Fico a pensar num rápido calcular...
São mais de vinte mil quatrocentos e quarenta dias
de despertares em minha vida.
Vinte mil coisas são muitas coisas!
Se de dinheiro seria pouco. Não compra
nem meu Fiesta Supercharge o qual quase perdi
morro abaixo... Era dia 05 de Janeiro de 2005...
Quase um ano.
Como por milagre eu e meu companheiro de aventuras
fomos salvos por um batalhão de anjos...
Saímos sem um sequer arranhão.
Resta o susto na emoção que ainda me leva a ter pesadelos...
É. Vinte mil amigos são muitos.Mas quem os tem?
Tirando-se a prova dos nove...resta uma meia dúzia
de verdadeiros, leais e confidentes amigos.
Vinte mil abraços já é uma soma vultuosa para troca de energias.
De noites de amor, nem preciso mencionar que é bom pra danar!
Vinte mil dias de dormir e acordar são vinte mil bênçãos.
.............
Interrompo este poema para rezar e agradecer.
A longevidade é um prêmio para quem
leva uma vida digna somada à qualidade.
E com paciência e sabedoria,
respeita dos mais velhos sua verdade.

Ipatinga, 01/01/2006 - 9:05 horas.
Este ficaria bom ser declamado no final do espetáculo...

Nasci para ti

Nasci para ti
*Emiele*

Nasci para ti, amor!
Amo o amor que em ti irradia.
Vejo-o no brilho dos teus olhos...
Capto-o no seu jeito de falar...
Nascemos para o amor.
E o amor necessita ser doado, compartilhado,
para não correr o risco de nos sufocar.
Nasci para ti, amor! Amemos um ao outro para sempre.
Mas canalize seu amor para outra pessoa
pois o amor é um sentimento que não deve ser retido.
Precisa de espaços alargados para inundar e tranbordar ...
Só ele é capaz de modificar e melhorar as pessoas e o mundo.


Belo Horizonte -21/11/2009 - 21:00 horas.

O Pianista

O Pianista
*Emiele*

Observo-te dedilhar as teclas do piano com tanta magia,
que a cada nota, a cada som
que dele consegues extrair
dedilham minha alma no seu triste existir.

E a sonoridade que emana,
me emociona.
Liberta paixões trancafiadas por anos a fio...
E meus olhos umedecidos deixam rolar
lágrimas que como cristais, começam a brilhar.
Deslizo como bailarina
sobre teus dedos...
Singro mares tão sonhados...
Flutuo
sobre ondas revoltas...
Suspiro extasiada!
É um instante de tamanho enlevo que na pele, meus pelos arrepiam...
Imobilizada
fixo teus longos e ágeis dedos
que sob o rítmos
fazem arremedos
e me despertam medo,
de em teus braços
sem resistir, me jogar...
E em completo delírio,
a ti me entregar.

Ah, pianista,
és tal um alquimista!
Com estes acordes
atiças mnha cobiça ...
És um sensível artista!
Consegues dedilhar em meu peito notas musicais,
e em suspiros pausados,
a mais doce sinfonia
dos meus ais...

Belo Horizonte - 15/12/2003 - 14:50 horas.
Dedicado a Pedrinho Mattar, após assistir seu concerto
no progama televisivo - PIANÍSSIMO.

Linguagem corporal

Linguagem corporal
*Emiele*

Quando me pegares
em teus braços
com esta envoltura e ternura,
não resistirei a nada!
O calor dos teus braços
e de nossos corpos
produzirão sons sibilantes...
Ora gritantes e cortantes...
Que qualquer palavra
vinda neste instante
será distoante...
O gozo real é silencioso
relaxante e egoísta.
Ouve-se apenas
a linguagem do corpo
envolto no êxtase
do pazer e da magia.
Pura e vital energia.


Belo Horizonte, 30/01/2006 - 00:39 horas.

O Sono dos Sonhos

O Sono dos Sonhos
*Emiele*

Estranhamente fiquei hoje a me imaginar
deitada sobre um sonho sepultado
e da minha desdita reclamar
e lamentar...
Foi então que me dei conta
de que era uma rotina fazer isto.
Sim. Enterro meu sonho
silenciosa e cuidadosamente todo dia,
resguardando-o
da vastidão do tempo
que sem piedade,
devora com apetite e prazer cada sonho
não transformado em realidade.
Assim, grávida de sonhos
e esperanças,
sinto-os renascer
em cada poema que escrevo...
Curto com intensidade e enlevo
cada fase da gestação
dos sonhs que acalento
e durmo o sono dos sonhos...
Deles me alimento
e me sustento.
E na incerteza
se os sonhos dormiram
ou cochilaram,
sei que acordam realidade
no meu desejo
e jeito de viver.
Então, sei que vale sonhar
e esperar!
Seria isto viver?!
Ou quem sabe,
pro resto do mundo morrer?
Isto não me importa.
Só sei que ao sonhar
não estou morta.


Belo Horizonte, 21/09/2004 -14:25 horas.
Direitos autorais preservados pela Ética que deve permear
todo meio de comunicação e reprodução.

Diálogo Impossível

Diálogo Impossível
*Emiele*

Para cada palavra embriagada dum bêbado,
Para cada ofensa baforenta,
um silêncio cambaleante... Quase mortal.
Presença irritante. Espírito ausente.
Presente o animal.

Um copo... Mais outro... E outro...
são esvaziados no ralo da pia, às escondidas
na tentativa de enganá-lo...
Ele já perdeu a lucidez e nem faz conta
de quantos copos foram esvaziados...
Vingança tola e aflita de mulher sofrida
que tenta amenizar sua agonia e solidão.
Ouve-se o abrir de mais outra garrafa...
E o som de quem saboreia boas goladas!

Pobre mulher! Ao ver que sua tentativa foi em vão
sente-se frustada na sua desdita,
e um grito ecoa forte dentro dum peito silencioso:
Seu nome é tormento, bebida maldita!

Para cada palavra bêbada uma lembrança torpe. Mórbida.
Descontentamento, humilhação e sofrimento se misturam
ao sabor deste tormento.
Para cada palavra embriagada de azedume
só a palavra d'outro bêbado como ungüento.
O sóbrio solitário quer companhia.
Quer ficar ao lado e quer distância.
E se cala na sua impotência.

Que companhia sem significância é a do bêbado no seu embriagar.
Ah, se eu pudesse, tudo faria para ajudar vencer este vício!
Mesmo sem fazer nada fico inconformada.
Deito e não durmo à procura duma poção mágica
que possa libertar pelo menos da minha lembrança
a imagem trágica do bêbado com ares de alucinado...
No sofá esparramado...
E no ar aquele terrível bafo.


Belo Horizonte, 02/04/2007 - 19:30 horas.
Poema dedicado a todas as pessoas que sofrem, vitimizadas,
por um ente querido, dominado pela doença do alcoolismo.